sexta-feira, 18 de outubro de 2013

O "ESPIA"

Quando se aproxima a época em que a tainha sobe a costa em busca de águas quentes para a desova, vai uma agitação intensa pelos núcleos de pescadores do litoral Paranaense. A aproximação do cardume é acompanhada com toda atenção, e a notícia corre de praia em praia, aprontando os pescadores o material para a tarefa que se avizinha. Sob os ranchos, entre o "jundu", no fundo das estreitas enseadas ou na ponta das praias, consertam-se as redes, revistam-se as tralhas, examinam-se chumbeiros, bóias, cortiças e remos. Descansam as canoas nos roletes, abrigadas em cobertas junto ao mar.

Enquanto todos esses preparativos se processam, numa faina coletiva que caracteriza a população litorânea e que a irmana, toda entregue que fica aos misteres de uma atividade coletiva em que cada um tem o seu papel e a que nem mesmo as mulheres escapam, — há um elemento que já está em função e função importante, de cujo exato desempenho dependerá o êxito do cerco que os pescadores farão. É o "espia". Do alto de uma "costeira" favorável, ou de um ponto elevado da praia, onde possa avistar desde longe as águas oceânicas, sua vigilância não tem pausas. Olhos postos no mar, como que fareja a aproximação do cardume. A agudeza de sua observação é impressionante. Antes que qualquer outra pessoa perceba, está acompanhando os movimentos dos peixes, prenunciando mesmo a sua aproximação, sentido o seu rumo e até avaliando o seu número. Dia após dia, noite após noite, aguarda o aparecimento do cardume e, quando verifica a sua chegada nas águas próximas pertence-lhe o sinal que dá começo à intensa atividade que consome a população local.



Esse era o chamado “LANCE DE TAINHA” que dependia sempre do exaustivo e atento trabalho do ESPIA. 

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