Quando
se aproxima a época em que a tainha sobe a costa em busca de águas quentes para
a desova, vai uma agitação intensa pelos núcleos de pescadores do litoral Paranaense. A aproximação do cardume é acompanhada com toda atenção, e a notícia corre de
praia em praia, aprontando os pescadores o material para a tarefa que se
avizinha. Sob os ranchos, entre o "jundu", no fundo das estreitas
enseadas ou na ponta das praias, consertam-se as redes, revistam-se as tralhas,
examinam-se chumbeiros, bóias, cortiças e remos. Descansam as canoas nos
roletes, abrigadas em cobertas junto ao mar.
Enquanto
todos esses preparativos se processam, numa faina coletiva que caracteriza a
população litorânea e que a irmana, toda entregue
que fica aos misteres de uma atividade coletiva em que cada um tem o seu papel
e a que nem mesmo as mulheres escapam, — há um elemento que já está em função e
função importante, de cujo exato desempenho dependerá o êxito do cerco que os
pescadores farão. É o "espia". Do alto de uma "costeira"
favorável, ou de um ponto elevado da praia, onde possa avistar desde longe as
águas oceânicas, sua vigilância não tem pausas. Olhos postos no mar, como que
fareja a aproximação do cardume. A agudeza de sua observação é impressionante.
Antes que qualquer outra pessoa perceba, está acompanhando os movimentos dos
peixes, prenunciando mesmo a sua aproximação, sentido o seu rumo e até
avaliando o seu número. Dia após dia, noite após noite, aguarda o aparecimento
do cardume e, quando verifica a sua chegada nas águas próximas pertence-lhe o
sinal que dá começo à intensa atividade que consome a população local.
Esse era o chamado “LANCE DE TAINHA” que
dependia sempre do exaustivo e atento trabalho do ESPIA.
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