Martinho
Urbano Ramos nasceu em Matinhos no dia 20 de Março de
1907, casou com D. Ernestina da Silva Ramos e tiveram dois filhos: Raul Ramos e
Izalita Ramos. Pescador e lavrador, morava na “Guaiapira” (plantação próxima ao
riacho) onde depois passou a ser o tratamento sanitário da Sanepar, no
Tabuleiro. Plantava arroz, mandioca, feijão e cana. A produção de arroz era
levada nas costas, no caminho do pique, para chegar a um caminhão até a prainha
e colocados em canoa para Guaratuba onde era vendida. Fabricava farinha de
mandioca, criava galinhas e porcos. A banha do porco era armazenada para uso
doméstico. Quando vendiam a produção de arroz entrava um pouco de dinheiro para
comprar tecidos para fazer roupas para o ano todo, pois o dinheiro era difícil
e só entrava uma vez por ano. Na época da tainha era uma festa, pois tinha
muita fartura de peixes que eram comercializados em Paranaguá, transportados no
caminhão do Sr Jorge Borges. Também defumavam o que sobrava para serem
conservados e consumidos na época que não tinham peixe. O dinheiro que
arrecadavam era dividido em “quinhão” entre todos os pescadores que ajudaram. O
líder da pesca ganhava um pouco mais, que era o Sr Martinho Ramos. Ficavam
acampados nos ranchos de canoa na Prainha por média de 45 dias, enquanto tinha
peixe. Não havia luz elétrica e por isso usavam o lampião. A água era buscada
em latas no morro, pois segundo o Sr Martinho a água melhor era a lá de cima... O Sr Martinho era muito religioso e capelão
de terço. Não havia padre na região, mas as obrigações religiosas não eram
esquecidas. Na Capela Santana rezavam o terço, depois tiravam os santos e
festejavam com um fandango que amanhecia o dia. Quando chegava a Bandeira do
Divino, o Sr Martinho e sua família participavam fervorosamente acompanhando
até por três dias juntos. No carnaval era uma festa, mas o último dia, às vinte
e três horas, todos iam para suas casas, não se passava da meia noite na rua,
pois era a chegada da quaresma. Na quaresma o respeito era grande. Na
quarta-feira de cinzas nem a casa era varrida, não se comia carne, nem o cabelo
era penteado. A Folia de Reis era muito esperada, pois as casas que entrava
recebiam muitas bênçãos e fartura. Fato a ser lembrado é que naquela época
também existia muita malária tornando-se comum ficarem doentes. Não existia
médico e por isso faziam fumaça para espantar os pernilongos durante a noite Durante
o dia tinha muita mutuca, o que fazia com que as crianças sofressem com as
picadas do inseto. Apesar das dificuldades como a falta de médico e o acesso difícil para transporte, a vida simples
e humilde que levavam deixaram saudades aos seus familiares que lembram com
orgulho de sua existência. Martinho era irmão de Juvêncio Ramos
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